Anna Aguiar
Há um tempo que feriado para mim quer dizer TREKKING e neste carnaval não foi diferente. Estava mesmo precisando de muita cachoeira, ar puro e conhecer pessoas incríveis. Como eu sabia que ia conhecer pessoas incríveis? Só fazendo trekking para você entender.
Eu tinha escolhido o mesmo roteiro do carnaval do ano passado quando meu namorado comentou de um roteiro novo: a Expedição Trilha do Ouro. Fiquei empolgadíssima pois a última vez que tínhamos feito acampamento selvagem eu simplesmente adorei e fiquei louca para voltar. Essa era a oportunidade!
Juro que tentei fazer surpresa para o meu namorado mas realmente era impossível já que ele seria um dos guias da viagem. Então contei logo, mesmo porque acho que em alguma hora eu ia falar.
Com uma semana de antecedência minha mochila estava pronta e fechada para viajar, não só pela empolgação, mas pelo pouco tempo que tenho durante a semana.
O embarque foi tranquilo, sexta à noite pessoal chega quieto e cansado da semana, entra no ônibus e dorme.
Chegada em São José do Barreiro o pessoal ainda estava meio tímido, mas nada como pegar um carro 4x4 e sentado na caçamba começar a primeira parte de uma grande aventura. Uma hora de estrada de terra com vista para o Vale do Paraíba.
Foi assim que chegamos à Portaria do Parque Nacional da Serra da Bocaina onde alongamos e começamos a conhecer aquelas pessoas incríveis que falei lá no início, engenheiros, advogado, marqueteiro, educador físico, professora, administrador... cada um tinha sua razão de estar lá, cada um tinha sua expectativa e a minha era curtir o máximo a ponto de querer voltar sempre como em todas as outras trilhas que já fiz por aí.
Pé na estrada e logo chegamos na Cachoeira Santo Izidro que forma um poço delicioso para se refrescar. De volta a estrada e alguns quilometros para frente chegamos ao nosso primeiro acampamento na Cachoeira da Posses, um bom banho com as águas do Rio Mambucaba nos deixou renovados logo no primeiro dia.
Nosso segundo dia começou com um café da manhã reforçado para nos preparar para uma longa caminhada. Nesse dia andamos por estrada aberta com muito sol e muita água pelo caminho para nos refrescar. A única água da qual nos livramos por pouco foi a chuva que escapou pelo outro lado deixando de presente um Mar de Morros para apreciarmos.
Nosso lanche de trilha seria numa Capelinha onde acabamos apenas parando para agradecer a oportunidade que temos de estar naquele lugar maravilhoso e acabamos almoçando um arroz com feijão e frango caipira inenarrável na casa da Dna. Palmira.
Seguimos em frente e chegamos a Fazenda Central onde já encontramos nosso acampamento montado. Banho, jantar de primeira com sobremesa e suco de lima espremido na hora. Hora de dormir? Não... valeu apena ficar sentada no acampamento apreciando o contorno das Araucárias com um fundo estrelado ao som dos sapos na lagoa. Uma paz maravilhosa!
O terceiro dia começou quente logo cedo, ótimo para apreciar a caminhada até o último acampamento que ficava aos pés da Cachoeira do Veados, umas das cachoeiras mais bonitas da travessia.
Aproveitamos a cachoeira a maior parte do dia, que tinha uma água na temperatura ideal para limpar a alma!
No quarto dia acordamos cedinho, nossa caminhada até o final da travessia era longa com uma boa parte de mata fechada e escorregadia por conta dos pés de moleque e a maior parte em declíve.
Concentração e determinação nesse último trecho da travessia é essencial!
Muitos pés de moleque depois e pelo menos 4 tombos (contando só os meus) chegamos no final da travessia.
Foi uma alegria enorme! Tínhamos alcançado todas as nossas expectativas. Satisfação indiscritível e sorriso cravado no rosto.
Final da nossa aventura? Negativo! Fomo pegos de supresa por uma Tromba D´água que fez as 3 pontes que tínhamos que atravessar para chegar ao ponto de encontro do ônibus sumirem dentro do rio.
Previsão de saída? Nenhuma. Foi nesse momento depois de uma travessia onde começamos como desconhecidos ficamos praticamente como irmãos. Ninguém em momento nenhum perdeu o sorriso e acabamos fazendo daquele imprevisto parte da nossa aventura.
Muitas horas depois dentro da van o rio não abaixou e continuamos sem condições de atravessar. Fomos recebidos pela comunidade de Mambucaba que nos cedeu uma sala de aula de uma escola estadual para podermos passar a noite.
Na manhã seguinte fomos acordados com um belo café da manhã, bolinho de chuva, mandioca frita quentinha, quentinha e café preto delicioso oferecido pelas merenderas da escola.
O dia já amanheceu sem chuva e conseguimos atravessar o rio. Chegamos ao nosso ponto de encontro do ônibus seguros e certo de aquele imprevisto foi mais uma aventura!
Agradecimentos hiper especiais à comunidade de Mambucaba que nos acolheu e a todos os guias da PISA, Alexandre, Guilherme, Quel, Dô e Luciano, que nos acompanharam, ajudaram, cozinharam e presaram pela nossa segurança em todos os momentos.
Nossa viagem foi marcada pela amizade, solidariedade, companherismos e união. Espero encontrar essa turma em outras trilhas.
Abraços a todos os amigos Alaíde, Luis, Luiz, Fabio, Luciana, Marcelo, Antônio, Lenin, Cláudia e Alison!